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Largo do Boticário

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O Largo do Boticário é uma praça histórica localizada no bairro do Cosme Velho, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Amplamente desconhecida tanto por turistas quanto por moradores locais, a praça pode ser acessada pelo Beco do Boticário. Com suas construções em estilo Colonial cercadas pela exuberante Mata Atlântica, o Largo é um remanescente do Rio de Janeiro dos séculos XIX e início do XX.

A praça recebeu esse nome em homenagem ao Sargento Joaquim Luiz da Silva Souto, um boticário de sucesso do século XIX (uma forma antiga do que hoje chamamos de farmacêutico), que foi o primeiro proprietário das terras. Souto tinha uma loja no Centro do Rio — na Rua Direita, a principal rua comercial da cidade no início do século XIX —, que atendia clientes de destaque, incluindo membros da Família Imperial brasileira e de sua Corte. Após obter grandes lucros, Souto adquiriu, em 1831, terras no Cosme Velho, que viriam a se tornar o Largo do Boticário. Nas décadas seguintes, mais pessoas foram morar na praça, e seus imponentes casarões em estilo Colonial foram sendo construídos, mas o nome Largo do Boticário foi mantido como tributo a seu primeiro morador. Durante a década de 1850, a praça se tornou um ponto de encontro efervescente para artistas, membros da Corte Imperial, intelectuais e até mesmo, segundo rumores, o próprio imperador Dom Pedro II, já que festas e bailes suntuosos eram frequentemente realizados no local. Contudo, nas décadas finais do século XIX, o Largo do Boticário entrou em decadência, à medida que seus moradores se mudaram e os antigos casarões coloniais foram sendo abandonados e se deterioraram.

No início do século XX, novos proprietários construíram casarões no estilo Eclético, enquanto algumas das construções coloniais mais antigas foram reformadas nesse mesmo estilo. Assim como em várias partes do Centro do Rio, a justaposição entre a arquitetura Colonial do século XIX e o estilo Eclético do início do século XX criou um contraste marcante e memorável no Largo.

Foi, no entanto, na década de 1920 que a praça adquiriu a aparência marcante que conserva até hoje. Edmundo Bittencourt, fundador do Correio da Manhã — um dos jornais mais conhecidos e respeitados da época —, comprou terrenos na área e iniciou a construção e restauração de casas em estilo Neocolonial, que é marcado por evocar características da arquitetura Colonial portuguesa tradicional, incorporando também elementos Modernistas.

Após a morte de Edmundo, o processo de renovação continuou ao longo das décadas de 1930 e 1940, liderado pelo herdeiro do Correio da Manhã, Paulo Bittencourt, com o apoio de sua esposa, Sylvia Bittencourt, e do diplomata Rodolfo da Siqueira. Os renomados arquitetos Modernistas Lúcio Costa e Gregori Warchavchik também contribuíram, reformando algumas das residências no estilo Neocolonial.

Também na década de 1940, Walt Disney visitou a mansão de Paulo Bittencourt no Largo do Boticário, enquanto estava no Rio em missão diplomática com o objetivo de fortalecer as relações entre Estados Unidos e Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. Como resultado dessa visita, Disney criou o personagem Zé Carioca — um papagaio do Rio de Janeiro que se torna amigo do Pato Donald e incorpora diversos elementos da cultura brasileira e carioca.

Walt Disney, no entanto, não é a única conexão do Largo do Boticário com o cinema. Na década de 1970, uma cena do filme 007 Contra o Foguete da Morte (1979) foi gravada na praça, já que o Rio de Janeiro foi uma das locações utilizadas no longa.

Em 1987, a importância histórica e cultural do Largo do Boticário foi oficialmente reconhecida pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro (INEPAC), que tombou o local e passou a protegê-lo desde então. No entanto, apesar do status de preservação, a praça sofreu com o abandono e a deterioração ao longo das décadas de 1990 e 2000.

Em 2018, após anos de descaso, todas as propriedades do Largo do Boticário foram adquiridas pela empresa hoteleira francesa Accor. Devido ao seu status de proteção pelo INEPAC, inicialmente o local não podia passar por grandes reformas nem ser reutilizado para outras funções. Contudo, essas restrições foram flexibilizadas pelo governo do Rio de Janeiro para permitir que a Accor restaurasse e revitalizasse a área. Desde julho de 2022, o hotel JO&JOE Rio de Janeiro, da Accor, opera no agora revitalizado e cada vez mais turístico Largo do Boticário.

Fontes & Referências Bibliográficas


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