Palácio Monroe
- Frederico Aversa Masson
- 4 de nov. de 2024
- 3 min de leitura

O Palácio Monroe, outrora situado no Centro do Rio de Janeiro, foi originalmente construído em St. Louis, Missouri, Estados Unidos, servindo como Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de 1903. Projetado pelo General Souza Aguiar (que também era engenheiro), a arquitetura inovadora, ambiciosa e eclética do palácio (fortemente influenciada pelos movimentos arquitetônicos europeus) serviu como ferramenta de propaganda para o recém-formado governo republicano, com o objetivo de vender a imagem do Brasil como uma nação moderna e opulenta para estrangeiros. Com 5.000 xícaras de café (o principal produto de exportação do país na época) servidas diariamente no pavilhão, o palácio ganhou o Prêmio de Arquitetura da Feira Mundial de St. Louis. O edifício foi então desmontado e transportado para o Rio de Janeiro.
O palácio foi reconstruído na então Avenida Central (hoje chamada de Avenida Rio Branco) entre 1905 e 1906. Durante esse período, o Rio passava por um grande plano de renovação urbana — a Reforma Pereira Passos. As favelas e cortiços que marcavam a paisagem do Centro foram demolidos, dando lugar à Avenida Central — idealizada para se tornar uma espécie de Champs-Élysées tropical — com o Palácio Monroe sendo a joia da coroa do boulevard.
Inicialmente chamado Palácio São Luís, o edifício foi usado pela primeira vez para sediar a Terceira Conferência Pan-Americana em 1906. Durante este evento, foi renomeado Palácio Monroe, em homenagem ao 5º presidente dos Estados Unidos, James Monroe (e à Doutrina Monroe de "América para os Americanos"), marcando a crescente aproximação do Brasil com os Estados Unidos. Após a conferência, o palácio teve pouco ou nenhum uso até 1914, quando abrigou temporariamente a Câmara dos Deputados.
Logo após o centenário da independência do Brasil, o governo federal decidiu transferir o Senado Brasileiro para o Palácio Monroe, após várias reclamações de senadores contra a antiga casa do Senado — o Palácio dos Arcos — construído em 1826 e extremamente deteriorado. Após um ano e meio de obras para adaptar o prédio à sua nova função, a primeira sessão do Senado no Palácio Monroe ocorreu em 3 de maio de 1925. Durante 35 anos, momentos-chave da política e história do Brasil aconteceram no Palácio Monroe - desde os últimos anos da Política do Café com Leite das oligarquias de São Paulo e Minas Gerais até o Estado Novo de Getúlio Vargas e a decisão de construir uma nova capital para o país.
Na década de 1950, o Palácio Monroe parecia pequeno demais para abrigar o Senado e, mesmo antes da construção de Brasília, já se planejava uma nova sede para o Senado no Rio de Janeiro. Com a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília, sob o presidente Juscelino Kubitschek em 1960, o Senado deixou o Palácio Monroe, que passou a abrigar alguns escritórios governamentais menores.
Com a construção do metrô do Rio de Janeiro na década de 1970, o Palácio Monroe enfrentou o risco de demolição, mas, após um grande clamor da população, a construtora decidiu desviar a linha do metrô para preservar o palácio. No entanto, como Lúcio Costa, o urbanista por trás de Brasília e então chefe do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), recusou-se a assinar o ato de tombamento do Palácio Monroe e lançou críticas pesadas contra o palácio (que ele considerava uma aberração arquitetônica, cuja arquitetura não representava a cultura brasileira), o prédio foi demolido em 1976 após a autorização do presidente Ernesto Geisel.
Fontes & Referências Bibliográficas
Romero, C. (2021, February). A triste história de um palácio demolido. Retrieved from https://www.carlosromero.com.br/2021/02/a-triste-historia-de-um-palacio-demolido.html
Senado Federal do Brasil. (2015, May 4). Que fim levou o Palácio Monroe? Retrieved from https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/05/04/que-fim-levou-o-palacio-monroe
Créditos das Imagens
Image 1: Augusto Malta | Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro/Reprodução. Retrieved from: https://vejario.abril.com.br/coluna/daniel-sampaio/palacio-monroe
Image 2: Retrieved from: https://diariodorio.com/historia-do-palacio-monroe/
Image 3: Arquivo Público do Rio de Janeiro. Retrieved from: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/05/04/que-fim-levou-o-palacio-monroe
Image 4: Retrieved from: http://www.vivercidades.org.br/publique222/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1111&sid=21








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